Seria esse o futuro? Startup projeta modelo de aeronave widebody mais eficiente
por Gabriel Marinho •
Estamos vendo os impactos que o coronavírus está causando no mundo da aviação dia após dia, e muito se tem especulado sobre o que pode acontecer no futuro desse setor. Para tentar refletir um pouco sobre o que nos aguarda nos próximos meses ou anos, talvez seja interessante olhar para trás e ver como essa indústria reagiu após outro evento muito significativo: o 11 de setembro.

O atentando terroristas às torres gêmeas impactou profundamente o setor aéreo justamente por terem sido utilizados aviões comerciais de passageiros para os ataques. Após o ocorrido, os voos domésticos nos Estados Unidos foram suspensos por três dias. As imagens abaixo mostram o espaço aéreo norte-americano antes e depois da derrubada das torres.
O fechamento do espaço aéreo durou apenas 3 dias, porém os efeitos do medo e da especulação duraram muito mais e acabaram levando a um período de falências, demissões, fusões e aquisições no setor aéreo.
Ainda que tenha tido repercussões internacionais, os eventos influenciaram mais profundamente as companhias aéreas estadunidenses.
As perdas das aéreas norte-americanas foi de cerca de US $ 40 bilhões entre 2001 a 2007. A lucratividade de antes dos ataques só foi restaurada em 2007. Porém os altos preços do petróleo em 2008, pouco antes da recessão, só levaram a mais problemas.

O declínio na lucratividade do setor resultou em inúmeros pedidos de falências; mais significativamente, as da US Airways em 2002 e 2004, da United Airlines em 2002, da Delta Air Lines, da Northwest Airlines e da Comair em 2005 e da American Airlines em 2011. Três grandes companhias aéreas, incluindo a America West, uma das principais companhias aéreas da época, entraram com um pedido de falência em até 10 dias após o 11 de setembro, como resultado direto da diminuição da demanda.

Embora não fosse sediada nos Estados Unidos, a Iraqi Airlines – que foi diretamente afetada pela política externa americana – também parou de voar no final da primeira década do século XXI.
Em 2010, duas das maiores companhias aéreas dos EUA, a Continental e a United Airlines concordaram em se fundir formando a United Continental Holdings. Além dessas, as companhias LCCs Southwest Airlines e AirTran também se fundiram, o que fez da Southwest a quarta maior companhia aérea dos EUA.
Após o atentado terrorista, o mercado norte-americano de aviação perdeu mais de 160.000 vagas de trabalho em uma década.

A queda no faturamento fez com que o que costumava fazer parte do preço do bilhete agora fosse cobrado à parte.
Desde o pagamento para despachar bagagens até para marcar assento. As companhias usaram e abusaram da criatividade para gerar novas formas de receita. Só em 2018, as companhias norte-americanas faturaram cerca de U$ 4,9 bilhão com a cobrança de bagagem despachada. No mesmo ano as aéreas brasileiras faturaram R$ 1,02 bilhão também com a cobrança de bagagem e marcação de assento. Para fins de comparação: em 2007, um ano antes da maioria das companhias aéreas começar a cobrar pelo despacho de uma mala, essa arrecadação foi no valor era de US $ 464,2 milhões no mercado americano.

Enquanto as companhias aéreas norte-americanas reduziram as operações de voos domésticos para reduzir custos, as companhias aéreas de baixo custo aumentaram sua capacidade. O número de passageiros voando nas companhias low-cost anualmente aumentou 27%: de 124 milhões em 2000 para 158 milhões em 2004.

O 11 de setembro teve um impacto profundo na aviação, mas ainda assim, muitos dos reflexos daquela crise foram mais sentidos no mercado dos Estados Unidos. O que estamos vendo com o avanço do COVID-19 é um impacto generalizado no setor aéreo ao redor do mundo.
O que vem por aí ainda é incerto, mas se o passado serve como um guia para o futuro, devemos esperar demissões e preços baixos de passagens no curto prazo. Porém, uma queda duradoura da demanda pode provocar falências, governos tendo de resgatar as empresas e fusões no médio e longo prazo.
Certamente veremos uma recuperação assim que a pandemia de coronavírus diminuir, mas é muito provável que observemos um mercado de companhias aéreas pós-pandemia semelhante ao da era pós 11 de setembro.
E você? O que vê para o futuro do setor aéreo daqui para frente?