Comissária conversa sobre racismo com passageiro sem saber que ele era CEO da American Airlines

Uma comissária de bordo da Southwest Airlines compartilhou em seu perfil no Facebook como foi levada às lágrimas por uma conversa que teve sobre racismo com um passageiro que mais tarde revelou que ele era o CEO da American Airlines.


A comissária

Segundo uma matéria publicada pelo Insider, JacqueRae Hill, uma comissária da companhia norte-americana Southwest Airlines, estava indo trabalhar no último dia 30 de maio, pensando em como ela faria para colocar um sorriso no rosto frente à toda a situação de violência policial que está acontecendo nos EUA e os protestos que começaram após a morte de George Floyd. Segundo ela relatou em seu Facebook: “Eu estava nas redes sociais antes de me preparar para trabalhar (péssima ideia). Enquanto dirigia para o trabalho, tive que realmente colocar Deus em meus pensamentos, porque seria difícil sorrir com tudo o que estava acontecendo.”

Você quer ser informado, quer saber o que está acontecendo, mas, ao mesmo tempo, meu trabalho como prestadora de serviços é proporcionar felicidade a alguém“, disse Hill em uma entrevista à CNN. “Como equilibrar isso?”, ela continuou. “É difícil ter esse equilíbrio: é isso que está acontecendo no mundo e essas pessoas são como eu, e é isso que eu tenho que fazer como meu trabalho“.

Quando Hill estava cumprimentando passageiros a bordo do seu primeiro voo do dia para a Cidade do Panamá, na Flórida, ela notou que um homem estava segurando um livro que ela pretendia ler chamado “White Fragility“, de Robin DiAngelo, lançado no Brasil pela Editora Faro Editorial com o nome de “Não basta não ser racista: Sejamos antirracistas”. 


A conversa

Depois que terminou suas funções durante o voo, Hill foi falar com o homem que portava o livro. Ela perguntou o que ele estava achando da leitura e ele disse que ainda estava na metade do caminho e que o livro mostrava o quão importante é conversar sobre o assunto. 

Quando Hill começou a respondê-lo, lágrimas começaram a cair do seu rosto. “Todos os dias fico muito triste e só quero entender e ser entendida para que possamos começar a consertar isso [racismo]. Tenho certeza de que o assustei aparentemente jogando todas as minhas emoções nele”. Ao que o passageiro respondeu: “Eu sinto muito. E é nossa culpa que isso esteja assim.

Os dois conversaram por cerca de 10 minutos e Hill contou ao passageiro sobre sua oração a caminho do trabalho. “Ele respondeu essa oração por mim com essa conversa“, acrescentou Hill que até aquele momento não sabia com quem estava conversando.

Quando nossa conversa terminou, ele me perguntou meu nome. Eu disse a ele que era JacqueRae“, escreveu ela.

E então ele disse: ‘Bem, eu sou Doug Parker, CEO da American Airlines.‘” Segundo a rede norte-americana ABC, ele não havia conseguido um assento em sua própria companhia aérea.

Agradeci por ele estar aberto e permitir que essa conversa acontecesse porque tudo que eu precisava era ouví-la“, escreveu Hill em seu post.

Ao sair do avião, Parker entregou a Hill uma carta manuscrita, descrevendo a conversa como “um presente de Deus e uma inspiração“.

O melhor que pude fazer foi dizer a ela que o livro fala sobre como os brancos são horríveis ao falar sobre racismo e que precisamos de conversas reais“, escreveu Parker. “Ela concordou. Eu disse a ela que estava tentando aprender e, através de lágrimas e uma máscara, ela disse: ‘Eu também’.” Ele também compartilhou seu e-mail, com a comissário caso ela deseje continuar a discussão.


Uma linda história, não é mesmo? Resume bem o que precisamos em tempos como esses: empatia e diálogo.